Sobre
Quando é que se sabe algo? E em que ponto pode ter a certeza de que o que sabe é verdade?
O conhecimento dos factos é diferente da opinião ou suposição especulativa. Contamos com diversas fontes para determinar a validade da informação e separar os factos da ficção.
Fascinada pela consciencialização e pela ignorância, Anna Püschel (DE/FR) começou a recolher definições de palavras relacionadas com o conhecimento a partir de uma vasta gama de fontes, desde textos medievais a dicionários modernos. Estas definições — algumas objetivamente verdadeiras, outras com veracidade questionável — estão reunidas na Enciclopédia do Incerto, uma obra que redefine as referências e justapõe corajosamente a poesia francesa a teorias da conspiração, receitas e ensaios políticos. Mas, independentemente da sua origem, as definições mostram que ansiamos sempre pela verdade.
O que significa para nós hoje? Entre a pós-verdade e os factos alternativos, observamos um fenómeno absurdo: podemos aceder ao conhecimento de forma mais rápida e fácil do que nunca, mas o número de versões alternativas da mesma verdade que o acompanha é também sem precedentes. Dos algoritmos do YouTube aos canais do Telegram, dos comentários do Facebook aos textos gerados pelo ChatGPT, encontrar a verdade é cada dia mais difícil.
Como indivíduos em tempos incertos, não temos apenas o direito, mas também o dever de procurar a verdade, e não de seguir cegamente as vozes mais altas que (in)conscientemente propagam falsidades. Em vez disso, devemos reconhecer o que não sabemos e ouvir as nuances, pois há beleza na incerteza.