Sobre
Tóssan era o humorista total, o poeta do absurdo, o declamador de memória prodigiosa, o incrível conviva que reinava em jantares e festas, desfiando ininterruptamente histórias fantásticas que muitas vezes eram apenas episódios da sua vida real, o eterno apaixonado pela infância, que brindava as crianças, que não teve, com jogos desenhados e papéis recortados.
Tóssan era o vulcão explosivo que contagiava tudo o que tocava. Foi assim no Teatro Lethes em Faro, no TEUC em Coimbra, na Embaixada do Brasil, no Diário de Lisboa e na editora Terra Livre. Escrevia para a gaveta, em centenas de papéis rabiscados com ideias, esboços e poemas completos, de um nonsense e humor irresistíveis, a dar um sentido à vida que Tóssan acreditava absurda.
A célebre Ode ao Futebol, escrita em 1945, só veio a público em 1969, declamada no Zip-Zip e impressa no jornal a Bola. Raul Solnado e Mário Viegas apreciavam-no e vaticinavam glórias que Tóssan nunca quis cumprir.
Designer e ilustrador, foi tão bom como os melhores, sempre a favor dos ventos, mesclando nas páginas impressas as influências dos grandes artistas seus contemporâneos. De tudo um pouco e talvez mais encontramos neste álbum, que incluí ainda os poemas e contos, muitos deles inéditos.